terça-feira, março 28, 2006

Coisa Ruim - Foi Ruim Foi....

Coisa Ruim / Bad Blood
Género: Suspense

Não pretende ser um filme para provocar sustos, mas para abrir os olhos ao medo.
Uma familia citadina e moderna vai aprender que o preconceito nasce quase sempre da ignorância. Uma família que tenta disfarçar várias rotas de colisão interna, que experiências desconhecidas vêm revelar e acelerar. Uma casa longíqua, recebida por herança, abriga um universo inquietante. Confrontam-se com vivências baseadas no temor de pecados por pagar. Um mundo que aparentemente fala a nossa língua mas que se exprime numa outra linguagem. Chamem-lhe lendas, folclore. Mas percebam (...) que às vezes se chama Diabo á fúria de um Deus zangado. E é perante um precipício inesperado que começam a resvalar todas as cetezas. Que um homem e uma mulher são obrigados a encarar o seu casamento. Irmãos transportam segredos inconfessáveis. E um pai percebe, da maneira mais dolorosa que nunca acompanhou devidamente os filhos
- in coisaruim.com

Atenção: se ainda não viu o filme talvez não deva ler o texto que vem a seguir!



Há algumas semanas atrás fui ver Coisa Ruim e saí de lá com a mesma impressão que tenho sobre os filmes portugueses na sua generalidade: mau aproveitamento.
Sim, o filme é inovador no seu género mas foi mal aproveitado e o resultado final poderia estar melhor.

Em termos de narrativa o filme não foi propriamente cinco estrelas. A maneira como a história foi contada criou uma certa confusão em algumas cenas que podem dar origem a várias interpretações diferentes. Por exemplo o espectador é que tem que adivinhar o que é que o marido faz. Vê-lo ali nas matas com mais três desconhecidos a fazer nada de concreto para depois desatarem a conversar não dá muitas pistas...

"Mas que porque raio é que eles estão aqui? Perderam-se foi??"
Achei muitissima piada a uma particular lacuna na narrativa: a Rosa, a medium vai à casa duas vezes para contactar com os mortos, com toda a familia presente... Curioso que na segunda vez a esposa pergunta "Qual é o seu nome?" e ela diz como se fosse a primeira vez que a viu "Rosa". Não acham isto giro? Como foi então na primeira vez?

"Entre, entre! Não precisa de dizer o seu nome, eu depois pergunto-o quando voltar cá na segunda vez. Agora sente-se faça o que tem a fazer e desapareça da mesma forma anónima como apareceu. Ah e não se esqueça de falar muito pouco. O seu diálogo só aparece na sua segunda visita."

Engraçado não é?


Em termos de sonoridade estava péssimo com os agudos demasiado estridentes e os baixos quase inaudíveis. Caso disso foram as escadas que faziam um chinfrim enorme para depois vir uma chuva quase imperceptível e um trovão que mal se ouve.
Noutras cenas houve uma total ausência de som, quando este poderiar criar maior impacto à cena se fosse usado como é o caso da cena em que a mãe vê um fantasma a olhar para ela do lado de fora da casa. Ela simplesmente saltou de susto mas a ausência total de som não deu origem a nenhuma reacção da minha parte...

"Olha! Um fantasma... Que giro!!"

Pelo contrário se tivessem usado o som nessa cena a minha reacção poderia ter sido a de dar um pequeno salto na cadeira, mas como diz a sinopse "Não pretende ser um filme para provocar sustos, mas para abrir os olhos ao medo.". Que medo, se este é dificil de se criar com este filme?
Depois vem a reduzida quantidade de faixas sonoras que resulta num repetir das mesmas 2 faixas que a certa altura se pode tornar algo aborrecido, pois as faixas para além de serem apenas 2, são muito curtas... quase como loops.
Depois são aqueles momentos longos sem qualquer tipo de som de fundo para apoiar e intesificar o drama do momento.

Depois vem algumas falhas na edição, ainda que pouco perceptíveis, e exageros no cenário.
Achei incrível aquele café ser completamente escuro e sem qualquer tipo de instrumento moderno que o ligasse à realidade. É praticamente impossível existir uma aldeia onde não haja um rádio para os velhos ouvirem o futebol, ainda que com fraca qualidade. Uma televisão velhinha mas que funciona para as velhinhas verem os seus programas dentro das suas casas de pedra... É incrivel: a aldeia era perfeitamente ilumindada com energia eléctria e mesmo assim parecia que mais ninguém, excepto a familia citadina que vivia na casa, conhecia nem tinha acesso a qualquer tipo de instrumento que os entretessem ou que os mantivessem em contacto com outras realidades. Nem mesmo um jornaleco se via, vejam só! Ficavam todos ali, que nem mortos vivos, especados, no escuro a olhar para as sombras.... por favor!

"Este povo não é mesmo dado a modernices, porém têm luz eléctrica... uma simpatia da EDP!"

Eu acho que eles ficaram apavorados por verem aquele monstro chamado automóvel. Sim, pois era o único que se via. Até mesmo os mortos eram puxados numa carroçazita de madeira.


O potencial dos actores foi mal aproveitado. Muitas vezes faltava algum sentimento mas palavras que diziam.

Uma das falhas mais giras que encontrei no filme foi no fim, quando o filho mais novo morre. A mãe tinha o cabelo comprido, mas logo no dia a seguir, no funeral, aparece com um novo corte.

"OOh que chique! Esse toque moderno combina mesmo com a roupa!"

E claro não podia faltar os temas aliados ao sexo que já considero ser um cliché português. Porque é que todos os filmes têm de ter sempre alguma cena relacionada com o sexo e o erotismo?



Enfim, quanto à história em si, gostei. De facto é um filme que pretende não ser puramente um filme de criar sustos mas um filme que chame à realidade um facto tipicamente português: o preconceito aliado à ignorância, moldado pela religião, que impede o povo de aceitar o progresso e de o ver como obras do Diabo, segundo mentalidades da idade média. O povo português que ainda hoje existe e que teima em se deixar levar por crenças religiosas que vão para além de uma crença e passam a ser fixações que chegam a moldar as reações e personalidades da pessoa. São essas ignorâncias, esses preconceitos, essa religião demasiado vincada que gera o ambiente no qual o filme roda.

Infelizmente foi uma ideia que poderia estar melhor, mas com isto não digo que não esteja mau de todo. Os filmes portugueses, ou melhor, os realizadores portugueses ainda têm, a meu ver, defeitos que teimam em não tentar emendar.


Apesar de tudo, houve algo no filme que me atraiu e desejo obter o DVD.
CLASSIFICAÇÃO:

quinta-feira, março 09, 2006

CineLista nº2

Após uma semana de retorno às origens, estou de volta.
Eis a mais uma CineLista com a lista dos filmes que gostaria de ver:

  • Bandidas: um filme de comédia, de estilo mexicano com Penélope Cruz
  • Capote: a famosa história de Capote e da sua busca da verdade a todo o custo para o seu livro "A Sangue Frio"
  • Munique: um filme dramático que roda em torno do atentado contra a delegação israleita, na aldeia olímpica dos jogos de 1972
  • O Espelho Mágico: uma produção portuguesa, dramática, sobre uma mulher rica que vive obcecada em ver a Virgem Maria
  • Underworld 2: Evolution: Selena está de volta...
  • The New World: na verdade não sei se este filme está em exibição... vi um documentário sobre o making of do filme na 2: e parece ser um filme muito bom e inovador na maneira com que foi feito. O Novo Mundo trata a história da chegada dos ingleses à América e roda em torno da história da famosa Pocahontas mas numa aproximação que não é de todo um conto de fadas, mas sim um conto dramático do conflito entre duas culturas...
Vamos lá ver quais são os que vou conseguir ver. Já sabem por cada filme, uma análise :).
Cumprimentos!