quinta-feira, junho 02, 2011

CAMINO (Javier Fesser, 2008) - When religion and real life blur each other

CAMINO
Spain
143min.
Color

CAMINO Poster"The winner of six Goya awards including Best Picture, Best Director, and Best Actress, Javier Fresser’s emotional drama tells the true life tale of an eleven year old girl stricken with a terminal illness, and the influence of a powerful conservative Catholic organization during her last days. Eleven year old Camino (Nerea Camacho) suffers from a tumor that is exerting pressure on her spinal cord. As a result, her cervical vertebrae have been fractured, forcing her to endure excruciating medical treatments. Camino and her family all follow the dogma of the Opus Dei, a hard-line, ultra-conservative Catholic organization that believes her suffering is all part of God’s greater plan. Now, as this radiant young girl experiences the joys of first love and mystery of death simultaneously, a powerful light shines down from above, illuminating the darkness and revealing the true depths of her happiness for all to see." - Jason Buchanan, All Movie Guide,
From mubi.com (http://mubi.com/films/22321)




CAMINO is definitely not a film aimed to cheer anyone up despite its heart-touching fantasy sequences but amazingly enough it didn't make me feel that sad either. The film seems to insinuate the viewer must be sad no matter what. Maybe it's the music or just the way Camino is so brilliantly innocent all the way throughout her torturous illness but truth is I didn't feel that touched. In my case I had anger due to the blindness of her mother in recognizing and admitting the illness and suffering of her daughter.

Nerea Camacho (Camino) had a fantastic performance and her energy creates an immediate engagement once we start seeing her life before the hospital. Her smile, eyes, the capacity to say things so innocently and with just a look is indeed contagious and in that way I felt quite sad when she fell ill and a bit disappointed in a way to find out that most of film would be spent with her paralyzed.

"That's a bummer!!" - I thought.

http://img706.imageshack.us/img706/605/camo01.png
Although we immediately know she is going to die and have an illness (as we see that in the very first minutes) I felt that the introduction of the disease was quite fast. In a way, that is good because as soon as we fall in love with Camino and want to see more of her trying to get into the Cinderella play and be with her loved one, she falls ill and we see nothing more but her in bed. And as soon as this happens the film turns us to focus on the parents.

"Same old story: mother that doesn't care and father and is hopeless", I said.
Evil, patriarchal mothers destroying their daughters. That old formula. What was nice here was how brilliant was the idea of merging this story - Camino's story - and the way it's told with the story of Cinderella, a play that Camino is desperate to do.

As we move on, this comparison becomes more and more obvious with the dreams Camino has. We even get offered a full sequence of this Disney's classic that is Cinderella.

"I wonder how much the producers had to pay for this big chunk of the film", I thought.


Delicious was the ending (you might want to turn away now if you didn't see the film because the magic and uniqueness of Camino is in the ending).
So the film presents us with an apparent blessed girl, praising Jesus and wanting him near her death bed. We are given the illusion the film is about this blessed girl who will be a saint.
No. Not at all.

We discover that the boy she met at the theatre group is named Jesus.
So yeah, you guessed it all.
She keeps praying and calling for Jesus but she just wants that letter or the actual boy to be with her so they can reveal their love. Although, I admit the film sometimes gives some space for the viewer to wonder which Jesus she is talking about and the whole thing kinda gets messed up. That is ultimately the warning the film is making: excessive religion blinds the human being to a point of one being unable to distinguish what is real - a consequence of our worldly daily life - and what is religious - faith. What causes what? And this film says it bluntly: excessive religion - one that erases all reasoning - will create nothing but damage.

Camino's death scene is then repeated at the end but now in a montage that directly compares it with the actual play of Cinderella that is happening. Jesus comes on the 26th, the day of the play and the day she dies. She talks whilst surrounded by priests and medical staff in what seems to be divine but sounds much more like she's living the play in her mind.
She's not really that religious, she's just pure innocence. An innocence that inspires everyone to be more religious and give it all to God because, the little girl, in love with a boy named Jesus, said it was happy because he met him and could be with him forever.
When religion blinds reasoning... Everything is a miracle.


Amazingly this is all based in true facts.
For that and for the fascinating way the film blended fantasy with reality and religion...
MY RATING IS:


PS: don't get me wrong, I'm religious but the levels portrayed in Camino are of an excessive level and the film warns about the consequence of that excess.



CineAddiction officially returns.

Welcome to CineAddiction.
This blog has been activated for years and used to be an integral part of my film routine: to comment about the film right after I saw it. Since my last post my life change drastically.

This cine addiction of mine took me to London where I studied Film in one of the most prestigious schools in the world. Now that I finished and return to the professional world of film making and the arts I decided it was time to return.

As you can see my blog used to be written in Portuguese. This will continue but now I will also write the same articles in English.


I hope you enjoy reading about the films I see and my professional opinions about them and, please, feel free to comment. Art is meant to be discussed! :)

sábado, novembro 10, 2007

Corrupão - Mais um filme português

Corrupção
Género: Drama

"Portugal, meandros da corrupção do futebol português que envolve também a classe política e autárquica. Sofia (Margarida Vilanova) é uma jovem mãe que tem dois empregos para sustentar as duas filhas. Trabalha de tarde num supermercado e à noite num bar de alterne, frequentado por dirigentes de futebol, autarcas, políticos e juízes. "Corrupção" é baseado no livro de Carolina Salgado "Eu, Carolina".




É com "Corrupção" que regresso a este blog e não podia fazê-lo da pior forma... Ou da melhor forma, dependendo do ponto de vista....
A verdade é que Corrupção é mais um filme que segue à risca a típica e já bem afamada
tradição da "indústria" cinematográfica portuguesa: fraco, mau, uma desilusão...

Pronto, não é assim tão mau...
"Corrupção" fala sobre a história que todos nós fomos le
vados a conhecer, voluntária ou involuntariamente: a história de Carolina Salgado. É um tema interessante e uma ideia ousada, porém fracassou. E porquê? Porque os erros estão lá e são sempre os mesmos! Parece que ninguém quer realmente abrir os olhos para os problemas que continuamente continuam a ser cometidos nas produções nacionais de cinema.


Em "Corrupção", logo nos primeiros minutos de exibição, denotam-se problemas de som (eu realmente gostava de encontrar um filme português que fosse bom nesta área): disparidades entre os volumes de fala das personagens, diálogos que não se ouviam tal era o volume dos elementos externos à acção, o que também denotava problemas de sonoplastia. A música é, novamente, algo completamente à parte do filme com uma banda sonora excessiva e demasiados cortes e mudanças de faixa. Chego a um ponto (ainda no início do filme) em que eu deixo de perceber a ligação entre a música e a imagem, tantas são as mudanças em tão pouco tempo. É simples: ela simplesmente não há (gostei particularmente da faixa usada nos créditos, que não fora usada em parte alguma do filme). Concluindo: banda sonora zero e som muito fraco.

Na montagem existem problemas de continuidade na acção (coisas óbvias!) e a cena da entrevista entre Sofia e o jornalista... Acudam-me, mas eu ri-me daquilo (logo após levar a mão à cara). Também a este campo existe uma excessividade de cortes e de saltos no tempo, que funcionariam, se o trabalho tivesse sido bem feito. É certo que a história acontece num largo espaço temporal mas houve ali qualquer coisa de errado que me fez perder o comboio por momentos e se isso aconteceu comigo, nem quero imaginar o que possa ter acontecido aos outros espectadores mais distraídos ou entediados.



O argumento não era grande coisa e a direcção de actores deixou a desejar, pois eu senti que, apesar de tudo, os actores estavam apagados. Existia uma clara intenção da fotografia em tornar todo o filme sombrio (eu gostei da ideia e tinha planos interessantes) , muito ao estilo da máfia italiana (o que se tornava chapado quando a meio do filme se lembram de colocar musica bem ao gosto italiano) e isso estendeu-se ao actores que quiseram passar aquele ar sério, no entanto intenso, onde poucos movimentos haviam tornando tudo aquilo num puro mexer de lábios... Foi satisfatório mas existia uma áurea de falsidade naquelas representações que me deixava de lábio torcido (e não estou a falar da falsidades das personagens, mas sim da representação).

A pornografia... Aaah... Filme português sem uma boa e violenta cena de sexo puro e duro com muito nudismo, num misto a roçar o pornográfico, não é filme português que se preze! Em "Corrupção" temos uma orgia de regalar os olhos para todos aqueles admiradores de tais imagens...
Desprezível!
Revoltante!!
Sempre o mesmo!
Sempre o mesmo!
Há boas formas de conseguir a mesma mensagem sem se entrar sempre pela via dura, crua e pura.... Cheira a ratoeira barata para caçar audiências masculinas...


No meio disto tudo a parte que mais gostei do filme foram os primeiros minutos onde se mostram planos de um gráfico sonoro a reproduzir o diálogo... Por momentos pensei que ía ser um bom filme... Até que vi o genérico e vi que, afinal, ainda estava em Portugal...


Em conclusão, a "Corrupção" é mais um filme português que vai para a "estante" dos filmes que "podiam ser mas não foram", que voltaram a "bater na mesma tecla" e a "fingir-se de cego" aos erros que são óbvios até para quem não entende de cinema.Basta analisar a quantidade de pessoas que fica desiludida após um filme português... Muito mediatismo, muita grandiosidade, muita "arte", muito dinheiro...
...Pouco trabalho...

CLASSIFICAÇÃO:

terça-feira, abril 04, 2006

Capote - Hipocrisia em nome do sucesso!

Capote
Género: Drama

Eis a biografia de Truman Capote, um escritor norte-americano que criou um novo género literário que designou de romance não ficcional. Autor de livros como "Breakfast at Tiffany's" o filme roda em torno da produção do seu maior sucesso "A Sangue Frio" que conta a história do assassinato de uma família do Kansas cometido por uma dupla de forasteiros.



Atenção: se ainda não viu o filme
talvez não deva ler o texto que vem a seguir!



Dias após ter assistido a Coisa Ruim, fui ver Capote. Capote é um filme muito calmo com apenas uma gota de violência e por isso é muito susceptível a que os espectadores adormeçam durante o filme. Não... não foi o meu caso.

Gostei do filme. Em termos técnicos não notei nada de mau. A extraordinária representação de Philip Seymour Hoffman (no papel de Capote) foi o suficiente para me manter acordado durante o espectáculo :)!


A história contada chocou-me pela enorme quantidade de hipocrisia existente. Truman representa perante o criminoso, com o qual acaba por estabelecer uma relação, Perry Smith. Em frente dele é muito simpático e amigável e quando não está com ele mostra o seu verdadeiro "eu" gozando com frases que o crimonoso escreveu no diário entre outros...



A fachada hipócrita de Truman começa a ser-lhe um fardo quando o julgamento da dupla é constantemente adiado. Na ansia de conhecer o final da história Truman começa a não suportar mais ter de ir visitar Perry e ouvi-lo a dizer o quão louvado será quando o livro com a sua história sair. O facto é que Perry não sabe a verdadeira realidade do livro. Perry pensa que Truman está a escrever sobre ele para mostrar ao mundo que ele não é o monstro que o mundo pensa que ele é, quando na verdade Truman está a relatar tudo sem ficção passando exactamente a imagem contrária.

Perto do final Perry lê no jornal sobre uma palestra dada por Truman onde este leu as primeiras passagens do livro e qual não é o espanto deste quando este descobre que o nome do livro é "A Sangue Frio". Cheguei a pensar que ía ser desta que Capote iria levar um bom murro por tanta hipocrisia e falsidade da sua parte mas não... Truman Capote conseguiu, mais uma vez, arranjar uma desculpa brilhante.

"Maldito Capote! Já te tenho tanta raiva que se te visse agora dizia-te das boas!"

Sim, sim... cheguei mesmo a ter raiva dele. Tanta hipocrisia começou a ser demasiada areia para o meu camião!
Mas não tardou a que Capote se visse afectado pelos seus próprios actos. No fim Truman Capote acaba mesmo por descobri o quão ligado estava a esse criminoso. Descobria uma amizade que fora tecida sem que ele desse por isso e agora enfrentava os resultados do seus actos: a urgência, a impaciência em querer saber o final da história levou-o a negar deliberadamente o segundo pedido de Perry para que Truman lhe arranjasse novamente um advogado bom que os defendesse. Truman sabia que à semelhança da primeira vez, se este lhes arranjasse um novo advogado eles seriam muito bem defendidos o que levaria a que Truman não conseguisse obter o final da história. Por isso ele negou... ignorou o bilhete e os assassinos, sem defesa, foram condenados à morte imediatamente.

Inesperadamente Truman cai numa depressão não reagindo a quaisquer chamadas nem a quaisquer bilhetes enviados pelo seu recém-descoberto amigo Perry Smith.
Mas, cheio de uma força desconhecida Truman cai na realidade e desloca-se à prisão mesmo antes de os crimosos serem executados.
Lá Truman é finalmente ele mesmo, demonstrando o afecto que este tinha acabo por desenvolver por Perry Smith.
Finalmente os criminosos são executados e o filme termina.

Foi uma boa história, um bom filme e uma excelente representação (o actor mereceu mesmo o óscar) de Capote. Só é pena que o filme seja tão calmo, tão calmo que dá azo a uma boa soneca.

CLASSIFICAÇÃO:

terça-feira, março 28, 2006

Coisa Ruim - Foi Ruim Foi....

Coisa Ruim / Bad Blood
Género: Suspense

Não pretende ser um filme para provocar sustos, mas para abrir os olhos ao medo.
Uma familia citadina e moderna vai aprender que o preconceito nasce quase sempre da ignorância. Uma família que tenta disfarçar várias rotas de colisão interna, que experiências desconhecidas vêm revelar e acelerar. Uma casa longíqua, recebida por herança, abriga um universo inquietante. Confrontam-se com vivências baseadas no temor de pecados por pagar. Um mundo que aparentemente fala a nossa língua mas que se exprime numa outra linguagem. Chamem-lhe lendas, folclore. Mas percebam (...) que às vezes se chama Diabo á fúria de um Deus zangado. E é perante um precipício inesperado que começam a resvalar todas as cetezas. Que um homem e uma mulher são obrigados a encarar o seu casamento. Irmãos transportam segredos inconfessáveis. E um pai percebe, da maneira mais dolorosa que nunca acompanhou devidamente os filhos
- in coisaruim.com

Atenção: se ainda não viu o filme talvez não deva ler o texto que vem a seguir!



Há algumas semanas atrás fui ver Coisa Ruim e saí de lá com a mesma impressão que tenho sobre os filmes portugueses na sua generalidade: mau aproveitamento.
Sim, o filme é inovador no seu género mas foi mal aproveitado e o resultado final poderia estar melhor.

Em termos de narrativa o filme não foi propriamente cinco estrelas. A maneira como a história foi contada criou uma certa confusão em algumas cenas que podem dar origem a várias interpretações diferentes. Por exemplo o espectador é que tem que adivinhar o que é que o marido faz. Vê-lo ali nas matas com mais três desconhecidos a fazer nada de concreto para depois desatarem a conversar não dá muitas pistas...

"Mas que porque raio é que eles estão aqui? Perderam-se foi??"
Achei muitissima piada a uma particular lacuna na narrativa: a Rosa, a medium vai à casa duas vezes para contactar com os mortos, com toda a familia presente... Curioso que na segunda vez a esposa pergunta "Qual é o seu nome?" e ela diz como se fosse a primeira vez que a viu "Rosa". Não acham isto giro? Como foi então na primeira vez?

"Entre, entre! Não precisa de dizer o seu nome, eu depois pergunto-o quando voltar cá na segunda vez. Agora sente-se faça o que tem a fazer e desapareça da mesma forma anónima como apareceu. Ah e não se esqueça de falar muito pouco. O seu diálogo só aparece na sua segunda visita."

Engraçado não é?


Em termos de sonoridade estava péssimo com os agudos demasiado estridentes e os baixos quase inaudíveis. Caso disso foram as escadas que faziam um chinfrim enorme para depois vir uma chuva quase imperceptível e um trovão que mal se ouve.
Noutras cenas houve uma total ausência de som, quando este poderiar criar maior impacto à cena se fosse usado como é o caso da cena em que a mãe vê um fantasma a olhar para ela do lado de fora da casa. Ela simplesmente saltou de susto mas a ausência total de som não deu origem a nenhuma reacção da minha parte...

"Olha! Um fantasma... Que giro!!"

Pelo contrário se tivessem usado o som nessa cena a minha reacção poderia ter sido a de dar um pequeno salto na cadeira, mas como diz a sinopse "Não pretende ser um filme para provocar sustos, mas para abrir os olhos ao medo.". Que medo, se este é dificil de se criar com este filme?
Depois vem a reduzida quantidade de faixas sonoras que resulta num repetir das mesmas 2 faixas que a certa altura se pode tornar algo aborrecido, pois as faixas para além de serem apenas 2, são muito curtas... quase como loops.
Depois são aqueles momentos longos sem qualquer tipo de som de fundo para apoiar e intesificar o drama do momento.

Depois vem algumas falhas na edição, ainda que pouco perceptíveis, e exageros no cenário.
Achei incrível aquele café ser completamente escuro e sem qualquer tipo de instrumento moderno que o ligasse à realidade. É praticamente impossível existir uma aldeia onde não haja um rádio para os velhos ouvirem o futebol, ainda que com fraca qualidade. Uma televisão velhinha mas que funciona para as velhinhas verem os seus programas dentro das suas casas de pedra... É incrivel: a aldeia era perfeitamente ilumindada com energia eléctria e mesmo assim parecia que mais ninguém, excepto a familia citadina que vivia na casa, conhecia nem tinha acesso a qualquer tipo de instrumento que os entretessem ou que os mantivessem em contacto com outras realidades. Nem mesmo um jornaleco se via, vejam só! Ficavam todos ali, que nem mortos vivos, especados, no escuro a olhar para as sombras.... por favor!

"Este povo não é mesmo dado a modernices, porém têm luz eléctrica... uma simpatia da EDP!"

Eu acho que eles ficaram apavorados por verem aquele monstro chamado automóvel. Sim, pois era o único que se via. Até mesmo os mortos eram puxados numa carroçazita de madeira.


O potencial dos actores foi mal aproveitado. Muitas vezes faltava algum sentimento mas palavras que diziam.

Uma das falhas mais giras que encontrei no filme foi no fim, quando o filho mais novo morre. A mãe tinha o cabelo comprido, mas logo no dia a seguir, no funeral, aparece com um novo corte.

"OOh que chique! Esse toque moderno combina mesmo com a roupa!"

E claro não podia faltar os temas aliados ao sexo que já considero ser um cliché português. Porque é que todos os filmes têm de ter sempre alguma cena relacionada com o sexo e o erotismo?



Enfim, quanto à história em si, gostei. De facto é um filme que pretende não ser puramente um filme de criar sustos mas um filme que chame à realidade um facto tipicamente português: o preconceito aliado à ignorância, moldado pela religião, que impede o povo de aceitar o progresso e de o ver como obras do Diabo, segundo mentalidades da idade média. O povo português que ainda hoje existe e que teima em se deixar levar por crenças religiosas que vão para além de uma crença e passam a ser fixações que chegam a moldar as reações e personalidades da pessoa. São essas ignorâncias, esses preconceitos, essa religião demasiado vincada que gera o ambiente no qual o filme roda.

Infelizmente foi uma ideia que poderia estar melhor, mas com isto não digo que não esteja mau de todo. Os filmes portugueses, ou melhor, os realizadores portugueses ainda têm, a meu ver, defeitos que teimam em não tentar emendar.


Apesar de tudo, houve algo no filme que me atraiu e desejo obter o DVD.
CLASSIFICAÇÃO:

quinta-feira, março 09, 2006

CineLista nº2

Após uma semana de retorno às origens, estou de volta.
Eis a mais uma CineLista com a lista dos filmes que gostaria de ver:

  • Bandidas: um filme de comédia, de estilo mexicano com Penélope Cruz
  • Capote: a famosa história de Capote e da sua busca da verdade a todo o custo para o seu livro "A Sangue Frio"
  • Munique: um filme dramático que roda em torno do atentado contra a delegação israleita, na aldeia olímpica dos jogos de 1972
  • O Espelho Mágico: uma produção portuguesa, dramática, sobre uma mulher rica que vive obcecada em ver a Virgem Maria
  • Underworld 2: Evolution: Selena está de volta...
  • The New World: na verdade não sei se este filme está em exibição... vi um documentário sobre o making of do filme na 2: e parece ser um filme muito bom e inovador na maneira com que foi feito. O Novo Mundo trata a história da chegada dos ingleses à América e roda em torno da história da famosa Pocahontas mas numa aproximação que não é de todo um conto de fadas, mas sim um conto dramático do conflito entre duas culturas...
Vamos lá ver quais são os que vou conseguir ver. Já sabem por cada filme, uma análise :).
Cumprimentos!

sábado, fevereiro 25, 2006

Aeon Flux - Um futuro perfeito com uma pitada de Matrix.

The Future Is Flux
Género: Acção Aventura

Baseado na série de animação produzida pela MTV, a história passa-se no ano de 2400. Algures em 2011, uma grave epidemia dizima quase toda a população da terra, a que sobrevive apenas uma cidade-estado chamada Bregna que é governada (sob um regime) por cientistas. Aeon Flux é o nome de uma agente secreta, pertencente ao grupo rebelde dos Monicans, que é incumbida de matar o chefe do governo da cidade. Mas a descoberta de um segredo leva-a a pôr em causa a missão e a interrogar-se sobre se estará do lado certo...

Atenção: se ainda não viu o filme talvez não deva ler o texto que vem a seguir!



Na passada quarta-feira dei mais um salto ao cinema para ver Aeon Flux. Apesar de ter recebido opiniões a dizerem-me que os "especialistas" consideraram o filme mau, avancei em frente e comprei bilhete pensado para mim mesmo:

"Eu nunca liguei a criticas. São apenas opiniões de pessoas como eu.".


Assim como este blog serve para eu exprimir a minha
interpretação dos filmes, os jornais ou qualquer media, são o meio que outros (os chamdados críticos) usam para exprimir a sua opinião.


Aeon Flux foi um filme que gostei de ver. Em geral correu bem existindo apenas uma ou outra "ponta solta" mas no geral foi um filme que fluiu bem, não criou confusão e não detectei grandes clichés (eu não gosto nada de filmes que definem a sua história através de clichés que já estão mais que usados... este filme não foi um caso desses).

O filme começa com Aeon a contar os procedimentos que levaram àquele destino. Ela explicou a doença e como o destino da humanidada fora alterado. A cura para esta doença fora encontrada por um cientista que salvou 5 milhoes de pessoas. A partir daí este cientista fundou Bregna e toda uma sociedade perfeita a viver numa cidade perfeita.
No entanto este conto foi demasiado rápido. Não durou muito... A meu ver a introdução poderia ter sido mais desenvolvida e incluir, inclusivé, cenas a explicar esses mesmos eventos.
Ao invés disso Aeon limita-se a uma história breve, com imagens da Bregna do ano 2400, e onde foca mais o facto de a cidade viver sobre um (aparente) regime opressor onde pessoas desaparecem e são mortas sem explicação.
Nesta introdução Aeon fala também dos Monicans, um grupo rebelde que pretende trazer de volta a liberdade àquela "sociedade perfeita" e derrubar o regime controlado pelos cientistas.


Depois desta introdução à história o filme passa a focar-se todo ele numa operação em que Aeon é ordenada que matasse actual presidente. Aeon é a melhor agente e logo a melhor candidata a levar esta operação a cabo. Aeon desloca-se aos limites da chamada "Zona Civil" onde aguarda pela sua colega Sathandra (que aparece pela primeira vez). Juntas vêm-se obrigadas atravessar um luxuriante jardim que, na verdade, é bem fatal. Aqui tem inicio a famosa receita que combina um ambiente belo com golpes e acrobacias que são perfeitamente impossíveis.

"Hmmm... A receita AeonFlux tem uma pitada de Matrix"

Melhor, o filme tinha acrobacias Matrix q.b. porém conseguiu não exagerar e não usar o famoso efeito de 360º, decisão que aplaudi. A rebelde Aeon tinha fazia de facto grandes acrobacias, mas não voava (quase,lol!) nem fazia o "the superman thing!" que vemos no Matrix. É uma boa dose de acção aliada à beleza e a uma banda sonora suficientemente futurista, sem ser demasiado techno nem violenta (pelo contrário a sonoridade do filme tinha uma batida com um ritmo bastante agradável e algo calmo, sem pressas).

Após passarem o jardim Sathandra fica cá fora (esta personagem não tem muita acção no filme mas aparece em eventos importantes) e Aeon entra no complexo. Quando chega ao momento de matar o governador Aeon detém-se e dá-se uma grande reviravolta no filme que altera todo o conceito que até ao momento fora delineado.

Até àquele ponto, víamos a história segundo o olhar dos Monicans. A partir dalir passaríamos a ver o filme segundo o olhar do governador. O facto era que esta era a verdadeira realidade e Aeon tinha agora de a descobrir toda.
Numa corrida contra o tempo, Aeon vem a descobrir que afinal toda a sociedade era estéril (este era o efeito secundário do medicamento que salvou a cidade) e que a razão porque a sociedade ainda estava de pé devia-se ao facto de que cada vez que um cidadão morria este era "reciclado" e o seu ADN era usado num novo ser... um clone. Só os governantes (também eles clones) sabiam desta realidade e enquanto a sociedade permanecia neste estado, o presidente, continuava os seus estudos para encontrar a cura à esterildade.


Mas qual a razão porque muitos morriam e desapareciam?
Simples, o irmão do presidente defendia que a sociedade deveria permanecer assim e sempre que o seu irmão chegasse a um resultado (ou perto dele) ele matava os cobaias de movo a impedir o irmão de avançar na cura.


Esta era basicamente a nova reviravolta que iria passar a ser revelada a partir daí.
Mas voltando ao ponto em que Aeon parou e não matou o presidente... porque é que ela fez isso? Aeon congelara e porquê? Porque esta já tinha algumas memórias com o presidente e quando este a viu exclamou: "Katherine!" . Aeon parou.

Uma doença que a sociedade actual estava a viver agora era a de que cada pessoa continha imagens desfocadas e sem nexo de situações que nunca viveram. Tal "doença" vem depois a ser justificada pela clonagem que é explicada mais tarde.
Assim Aeon e o presidente (não me lembro do nome) passam a percorrer o resto da história juntos, à medida que vão desvendando o seu passado e à medida que o espectador vai descobrindo os verdadeiros factos, Aeon luta com os seus princípios.

"Matar ou não matar... eis a questão!"

Cheguei a pensar duas vezes: "Pronto, é desta que ela o mata." Mas a verdade é que Aeon nunca o matou e depois já nem tentava pois já tinha decidido a abandonar a missão (decisão que a levou a ter uma luta, com a sua parceira e amiga Sathandra que ainda a aguardava no jardim).
Entretanto, após a descoberta da união entre o presidente e Aeon, o irmão do presidente impõe um golpe de estado e os Monicans iniciam uma caça a Aeon.

À medida que o filme se aproxima do fim a verdade sobre o passado de Aeon e o presidente é finalmente revelada no seu todo e descobre-se, entre outras coisas, que estes foram casados na altura em que a doença começava a espalhar-se.

O filme termina com a decisão de Aeon de destruir um dirigível que sobrevoava continuamente a cidade. Aeon estava decidida a acabar com a clonagem e o dirigível era a solução dos seus problemas. A queda do dirigível vem destruir o muro que protege Bregna e vem abrir de novo as portas à civilização para que esta volte a descobrir a Natureza e encontre de novo o seu equilibrio natural, tal como esta o encontrou.


Como viram, não fiz grandes críticas ao filme porque de facto não tenho nada de mal a dizer sobre ele porque não me apercebi de nada de grave. Tendo em conta o futuro e a agente Aeon super-treinada (e meio alterada) as acrobacias justificam-se.
Existe apenas um facto ao qual não encontrei resposta:

A maneira que os Monicans tinham de comunicar entre si era através de um qualquer método cerebral que levava a sua mente para uma sala que não existia. Quem estava ao comando era uma mulher, sempre envolta numa pequena aúrea amarelada e com ar sério mas algo inexpressivo. Pois bem esta personagem deixa de existir a dado momento e o espectador nunca sabe qual é a reacção dos Monicans (e especialmente desta personagem) perante a verdade dos factos.

"Mas será que eles sabiam e queriam derrubar o regime? Eram eles, afinal, maus? Ou simplesmente ignoravam as verdadeiras razões?"

Nunca saberei como ninguém nunca saberá.

Fora isto gostei bastante e pretendo comprar o DVD.


CLASSIFICAÇÃO:

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

CineLista nº1

A CineLista passará a ser um documento periódico, semanal, com o nome dos filmes que pretendo ver durante os dias seguintes (daí a 1 dia...4... uma semana... não há datas certas, porque a minha vida não roda em torno de ver filmes 24h por dia).

Para o nº 1 eis a lista:
- A Ponte de São Luís Rei (Warner-Lusomundo BragaParque - 4ª 23:30)
- Colisão
(Warner-Lusomundo BragaParque - 3ª 21:30)
- Munique
- Odete
(Warner-Lusomundo BragaParque - 6ª 23:30)
- Oliver Twist
(Warner-Lusomundo BragaParque - 6 21:30)
- Pecado Capital

Aqueles que conseguir ver no cinema comentarei aqui, como de costume.
Até breve!