segunda-feira, janeiro 30, 2006

The Descent - A Descida

Tens medo do escuro? Vais ter...
Género: Terror /Thriller

Um grupo de mulheres, viciadas em adrenalina, que parte para uma exploração de uma caverna, um ano após uma delas ter sido vítima de um trágico acidente que a deixou traumatizada. Pois bem este grupo de amigas parte então à descoberta da dita caverna e tudo parece correr bem (exceptuando alguns pormenores que uma das amigas vai reparando na caverna) até que uma derrocada bloqueia a entrada. Obrigadas a seguirem em frente estas amigas vão agora tentar descobrir uma saída mas vão deparar-se com uma aterrorizante surpresa.

Atenção: se ainda não viu o filme talvez não deva ler o texto que vem a seguir lol!

A Descida foi o filme que fui assistir hoje. Na verdade a intenção era ver o King Kong mas cheguei demasiado tarde à sessão e por isso optei por este.
A verdade é que saí de lá bastante surpreendido devido a vários factores, mas vamos começar pelo início...

Antes de mais este filme não devia ser (com toda a certeza) classificado para M/16, mas sim para M/18 pois ele revelou s
er muito mais gore daquilo que estava à espera e tal prova aparece logo nos primeiros minutos do filme com um acidente que espalha muito sangue.
O acidente foi estúpido: primeiro porque ninguém fica tanto tempo distraído da estrada a olhar para uma pessoa e segundo o veiculo que chocou tinha de ter um condutor ignorante... não abrandava e muito menos mudava de rota! Nesta cena só faltava dizer "Ok, estou a olhar para ti. Agora vamos aguardar pela carrinha branca que está a dirigir-se na nossa direcção, numa estrada recta, há já alguns segundos e mesmo assim não trava nem abranda."
E pronto dá-se o embate e com toda aquela brutalidade e sons "sugestivos" eu chamaria a esta cena "o bom velho cliché do acidente violento, estúpido, mas com muito sangue", típico deste tipo de filmes. Por aqui fiquei um pouco decepcionado pois pensava que o filme seria apenas mais um daqueles em que um grupo de teenagers vai ao encontro de aventuras absurdas e acabam sempre vitimas de acontecimentos sem nexo mas sempre muito sangrentos.

"Devia estar a ver O Libertino" , pensava eu naquele momento. Felizmente o filme revelou-se melhor do que esperava e a primeira metade deste foi agradável pois o filme e a sua história estavam bem construídos.

Logo após o acidente, a personagem principal começa a ter sonhos que mais parecem alucinações. Sonhos estes que se mantém até ao fim do filme. Gostei particularmente dessas alucinações .
Estes sonhos são tidos pela primeira vez logo após o acidente e o que neles se vê pode ser entendido como prenúncios do que a personagem vai viver. Por exemplo: as luzes do hospital que apagam sequencialmente enquanto a personagem corre para a luz pode ser interpretado mais tarde quando as pedras da grupa caem sequencialmente, enquanto a personagem tenta escapar dirigindo-se para luz e evitar ser esmagada. Ou, numa visão mais simples, o facto de ela estar a fugir da escuridão no seu sonho pode ser na verdade a divulgação do destino da personagem que estará destinada a ficar presa naquela gruta, na escuridão, apesar de todos os esforços para seguir a luz e e
ncontrar a saída.
Depois temos a menina que sopra a velas. O sonho aparece duas vezes, salvo erro. Na primeira mal se entende o que está escrito no bolo ou quem sopra as velas. Na segunda vez já se consegue ver melhor algumas letras, pois já existe mais tempo, mas mesmo assim não se consegue saber nada.

Gostei também do facto de logo no inicio, quando o grupo entra na caverna, uma das amigas t
er reparado nas marcas ensaguentadas de uma mão, cavada na rocha, o que deu a entender que alguém em pânico queria sair dali e (obviamente) não conseguiu. Existem mais pistas espalhadas de alguém que por ali passou. Pistas essas que vão sendo reveladas ao longo do filme de uma forma subtil o que dá um certo toque de aventura ao filme. Estas pistas vão ficando entretanto cada vez mais "cruéis" à medida que dão a entender da verdadeira dimensão do problema.

Houve porém algo que não consegui entender muito bem. A personagem principal, logo que entra na gruta começa a ouvir risos de uma criança. Esses risos mantêm-se sempre enquanto o grupo não tem conhecimento dos "humanóides". Este riso (que parece ser da filha morta da personagem) é o principal condutor para que a personagem descubra o primeiro membro de uma população de humanóides.. Porquê? O que é que o riso da criança faz na caverna e porque é ele usado desta maneira? Logo que todo o grupo toma conhecimento das criaturas o riso nunca mais se ouve...

Em termos de clautrofobia este filme é demais! O filme consegue transmitir na perfeição o ambiente super "apertado" da caverna e isso cria um enorme sentimento de clautrofobia aos que assitem, mesmo que ninguém sofra desta doença. Cenas como obrigar as personagens a atravessar tuneis super pequenos e apertados onde os seus corpos mal cabem, com curvas, subidas e descidas.... e ainda por cima filmar o trajecto de CADA UMA é demais para corações frágeis. As pessoas até podem aguentar uma vez... mas duas, três, quatro, cinco.... e depois suportar uma derrocada de pedras e consequente fuga dentro destes míseros espaços é muita dose!
O caminho que as pesonagens percorrem naquele ambiente apertado e a imensa claustrofobia fizeram-me perder rapidamente a noção de onde me encontrava. A partir de certo ponto já estava tão perdido naquela gruta quanto as próprias personagens e isso só acentua a claustrofobia.

"Podem pôr de lado a Colmeia do Resident Evil 1." pensei eu ao ver aquelas cenas.

Enfim, a primeira metade do filme é muito boa... intensa e nunca se sabe o que está lá dentro. Apesar das pistas não se consegue imaginar nada em concreto. O que poderia afinal viver dentro daquele buraco tão fundo e tão inacessível? Todos somos levados a crer que é tudo roduto da loucura das personagens. Apenas sentimos que o ambiente é ameaçador.
O que, na verdade se encontra dentro daquela caverna escura e molhada é uma espécie particular de humanóides que evoluíram para se adaptarem perfeitamente àquele ambiente: são cegos, guiam-se e caçam pelos sons, são estremamente ágeis e rápidos e são carnívoros. Gostei de uma particularidade acerca desta raça: eles não são tão frios como podem parecer. A uma dada altura do filme a personagem principal mata um "homem" e logo a seguir aparece uma "mulher" que começa a chorar a morte
do seu ente querido. Depois, num acto de vingança, ela ataca a personagem principal. Com esta cena pude entender que estes humanóides não são simplesmente máquinas de matar. São uma raça diferente onde, no seu ponto de vista, tudo o que eles estão a fazer é caçar.

Uma vez descobertos os seres "avançados" o filme toma contornos vulgares... exactamente iguais a qualquer filme do género: o grupo tenta sobreviver; mais de metade morre; as mortes são violentas e existe muito gore (sangue, sangue, sangue, ossos, ossos, carne, ossos, ossos, sangue, sangue, sangue). Depois vêm obviamente os clichés sendo alguns deles tremendamente estúpidos. Tão estúpidos que quase dá para rir! Ora imaginem só que Juno (o único nome das 5 amigas que consegui decorar) ataca uma amiga, no auge do medo e do instincto de sobrevivência pensado que esta era mais um deles. Espeta-lhe como uma das suas ferramentas de escalagem na garganta (partindo obviamente a traqueia). A vitima dura e dura e ainda fala um pouco. Parece que morre e os humanoides levam o corpo para o seu "armazém de comida". Ele fica lá durante uns bons, longos e agradáveis momentos. Miraculosamente quando uma das sobriventes (que tem estado escondida lá durante aquele tempo todo) decide sair, um braço ergue-se no meio dos cadáveres de animais e humanos dando um longo inspiro.
"Aleluia parece que afinal a personagem ainda não morreu!"
Entrou em standby.... fala com a personagem principal ... blah blah blah... e depois lá vai ela de novo!! A morte parece estar a chegar outra vez mas desta vez, para tornar as coisas definitivas (não vá ela acordar de novo daqui a umas horas) a vitima tem a ajuda da sua colega.
"Que lindo!!!"


No final tive 3 grandes surpresas. Normalmente os finais dos filmes nunca são novidade para mim mas este brilhou.
Primeiro as sobreviventes foram Juno e a personagem principal (continuo sem me lembrar dos nomes lol!). Minutos antes a vitima de Juno convenceu a personagem principal (naqueles miraculosos minutos de ressureição) que Juno não era de confiança e eu até pensei que a personagem iria desculpar Juno e tudo ficaria bem. Mas não. À saída a personagem parte a perna de Juno e esta fica para trás à espera de uma morte inevitável (uma vez que estava indefesa). Esta foi a primeira supresa.

De seguida a personagem foge... super ansiosa para sair dali. Inesperadamente atinge um novo precipício (acontece muito neste filme... ) cai. Ergue-se e vê à sua frente a saida. Corre.
Digamos que nunca fiquei tão ansioso para ver uma personagem subir para a luz do dia, num monte infindável de ossos. Acho que no final do filme até eu já estava clautrofóbico. Ela sai. Corre. Dirige-se para o jipe... guia na estrada feita louca e depois para para chorar. De repente é surpreendida pelo fantasma de Juno. PUF! Acorda.
Era um sonho....
Está exactamente no sitio onde tinha caído quando se diriga para a saida. Mas.... ora bolas! Não era uma saída!!! Este acto egoísta foi a sua perdição. Convencida que a saída estava à sua frente a moça oferecera a morte a Juno e, numa ironica do destino, aquela não era a saída... e uma vez que a expert era a Juno as hipoteses de fuga eram praticamente nulas. Esta foi a segunda supresa.
Mas o final não ficava por aqui. Á sua frente tinha a filha dela, com um bolo a dizer "Parabéns Jesse". O sonho estava aqui desvendado... este era o dia do aniversário da filha. Terceira surpresa.
Para acabar em grande a camara afasta-se mostrando a personagem a olhar em frente para a alucinação da filha que na realidade não está lá enquanto se observa o local onde ela está: um pequeno compartimento, cavado numa parede infindável que mergulha para a imensa escurião. Ali fica ela, enquanto a camara se afasta, dando a entender toda a dimensão daquela parede e de toda a sua clautrofobia. Ela não tem fuga.
Bom.... vamos considerar esta a 4ª surpresa.


E pronto, esta foi a minha análise ao filme que me supreendeu porque o seu conteúdo revelou-se inesperado e o fim então... esse foi muito bom!


CLASSIFICAÇÃO:



Até ao próximo filme!